POÉTICA DO ADVENTO
Camilo Mota
Para Paulo Luiz Barata
Não me pergunte porquês...
O verso não tem versões,
apenas insinua presença
de mundos paralelos,
de ritos apreendidos
entre sibilares de sinos.
Ao longe, ou ao perto,
similares a hinos,
vozes nascem sem razão
para meus raciocínios.
Não me prendo à lógica
de meus compatriotas
e reverto em som
o silêncio dos inauditos.
Não me pergunte por onde,
que vivo aqui entre os vivos,
que sonho e rezo entre os vindos,
que vejo o mesmo que o meu pai viu.
Nem para quê me questione,
que a vinda da voz da luz
é oásis para quem não tem pressa,
é sereno de lua, abraço de sol,
sombra de árvore, brilho que aquece.
Não me pergunte por quanto,
que o verso não faz ensaios:
nasce de onde e quando,
sem pressa, nem espanto.
Saquarema, 11/10/08
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